medo.

dizem-me dia após dia para te escrever uma carta sem ta enviar, e despejar do peito tudo o que magoa, que fere, que arranha cá por dentro. já te escrevi muitas. algumas enviei sem selo, outras sem envelope, algumas estão ali ainda a ganhar coragem em cima do aparador. tenho medo de escrever para ti, não porque me leias as palavras, nem percebes português, mas porque ao me sairem do peito eu perco-as e tenho medo de não mais as encontrar. tenho medo de tanta coisa, já te disse, sou uma medrosa. tenho medo que as palavras fujam de mim e eu as mais não veja. no final de contas, palavras a gritarem no meu coração é tudo o que tenho para me lembrar de ti, tudo o que me sobrou de nós.

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