avó.

tu falas de amor. e eu, eu também falo de amor, embora raras vezes, porque não gosto de palavras vazias. amor é uma palavra vazia que não diz nada, quando quer dizer tudo. mas tu falas de amor. falas muito de amor, e eu ouço-te, com o vagar com que tu vives a vida. entre um gole e outro de chá, ao fim da tarde, dizes-me como se deve amar, tal livro de receitas desses que guardas na gaveta do corredor mais perto da cozinha, e como se tratar esse amar. as tuas histórias recontam azuis dias com desfechos tristes e eu agarro-te nas mãos melancolicamente enrugadas e beijo-tas. cai a noite, que agora no aproximar do inverno é mais rápida, e eu volto para casa. à noite telefonas-me a dizer: sabes, tudo o que te disse eram tretas, o amor não se deve ensinar.

1 comentário:

raquel disse...

é muito bom ter-te por aqui também! :)

(sou a-menina-danca, do deviantart...)*