dactilografia.

uma noite, uma concha, um recado, um desenho no canto de um papel em branco, um pacote de chá vazio, um tiquetaque do relógio, um momento, outra noite, um dia qualquer, o sol a brilhar ou a chuva a cair, mais um desenho no canto de um papel em branco, um disparar da obturadora que imortalizou o momento, este ou outro qualquer - qualquer momento - um pacote de açúcar com uma mensagem, uma tatuagem, uma pulseira, um sapato de salto alto, uma bicicleta, mais uma gota de chuva, um chocolate quente ou um gelado, a janela aberta, pensamentos a saltarem pela janela de se sentirem idiotas, eu a sentir-me idiota no meio da sala, sentada no sofá, onde escrevo, onde ouço mais uma música, a música é sempre a mesma, no canto do papel em branco rabisco mais um desenho, deixo cair mais um pouco de areia na ampulheta que rege o tempo, empurro a ampulheta da janela abaixo e ela parte-se lá em baixo, não é preciso máquina para imortalizar o momento, fiquei para sempre presa aqui, neste mesmo, neste instante - um instante qualquer.

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