A sua dor era tão grande que pondo a mão na sua fronte sentia todo o seu esqueleto.
O ómnibus que o conduzia resvalava agora barulhento de ferragens pela Avenida monumental, e esse ruído acre, unindo-se às luzes imensas que o fustigavam zebrando-se através das vidraças telintantes, dava bem a expressão rítmica da sua alma actual. A sua alma de hoje era toda vidros partidos e sucata leprosa.
Mário de Sá-Carneiro - Mistério
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